segunda-feira, 4 de maio de 2009

Dia 16 - Tradição Secular de Segurança

Espero que eu não tenha problemas por usar o logo e o slogan do banco Safra. Mas o Sr. Jacob está completamente correto. Ele não nega a segurança limitada de sua instituição. Só ler o slogan: “Tradição Secular de Segurança”.

Ontem falamos sobre o dinheiro, sobre amor ao dinheiro e como esse “amor” (ou seria adoração?) poderia tornar-se o princípio orientador de nossas vidas e aí estragar tudo.

Para defender sua instituição, Sr. Jacob afirmou: "Se escolher navegar os mares do sistema bancário, construa seu banco como construiria seu barco: sólido para enfrentar, com segurança, qualquer tempestade” (Jacob Safra).

Eu gostaria de falar algumas coisas sobre:

1. Como lidar com preocupações com relação a dinheiro.

2. Segurança



1


Com relações a preocupações, volto a dizer: são inúteis. Só servem para roubar nossa paz e nos deixar loucos.

Precisamos de dinheiro para viver, certo? Você acredita que é mais importante que um animal? Então, veja isso: “Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário? Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas? E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura? E, quanto ao vestuário, por que andais solícitos? Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham nem fiam; E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe, e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pouca fé? Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos?” Quem afirmou isso foi Jesus Cristo, demonstra bastante segurança para alguém perseguido e maltratado por certas pessoas da sociedade, não?

Você pode dizer: “muito fácil um banqueiro falar isso”. Mas e quando não é um banqueiro, mas um homem que não era considerado pelos tais da época?

2.

Sobre segurança. Claro, todos nós confiamos que o dinheiro é a fonte maior de segurança nessa vida. Não apenas segurança, mas felicidade, satisfação, paz, alegria etc. (O que mais você pode acrescentar?). Amor talvez?

Tem sempre aquele papo de que as mulheres gostam de dinheiro. Na verdade, as mulheres buscam mais segurança que os homens, aí associam “segurança” a dinheiro. É isso!

A verdade é que dinheiro não traz segurança nenhuma. São raros os casos, mas sabemos que eles existem, de perda total. E aí, como não ficar abalado? Como algo que se pretende oferecer um conceito abstrato, a “segurança”, é tão palpável e possível de ser medido? Pois em cada centavo perdido, vai embora um pouco da segurança, e cada realzinho ganho, aumenta-se a segurança. Óbvio que se trata de uma mentira.

É como dizer que alegria é chocolate. Como coisas que buscamos na essência podem ir e vir como água? Não faz sentido. Isso é o maior roubo da paz. Porque cada alteração, suas emoções vão por água baixo. Não, isso não faz sentido!

Agora, eu vou confessar o que acredito ser segurança: “Qualquer que vem a mim e ouve as minhas palavras, e as observa, eu vos mostrarei a quem é semelhante: É semelhante ao homem que edificou uma casa, e cavou, e abriu bem fundo, e pôs os alicerces sobre a rocha; e, vindo a enchente, bateu com ímpeto a corrente naquela casa, e não a pôde abalar, porque estava fundada sobre a rocha. Mas o que ouve e não pratica é semelhante ao homem que edificou uma casa sobre terra, sem alicerces, na qual bateu com ímpeto a corrente, e logo caiu; e foi grande a ruína daquela casa”. Jesus está usando uma metáfora, sim, ele está dizendo: eis aqui a segurança.

Por isso que continuo seguindo o Sr. Jacob: “Tradição secular de segurança”. O Safra não é irresistível.



Para pensar:


1. Que preocupação tem me atormentado neste momento?

2. Existe algo que eu possa fazer para amenizar a situação?





Obrigada e até AMANHÃ. (Obrigada porque escrever me faz muito bem)

Imagem
Obs: não é muito fácil achar um logo legal do Safra. Esses bancos não populares... rsrsrsrs


2 comentários:

  1. As ondas bravias, o mar encapelado, a noite escura da vida ( Evangelho de Mateus 14.22-33), se apresentam a cada passo como obstáculos que podem induzir à insegurança, ao desalento e ao medo do fracasso. Pior ainda: podem induzir-nos a acreditar num Deus silencioso, mas satisfeito com a adoração interesseira. A visão que a Bíblia oferece nos convoca a fazer uma revisão da vida de fé. Ou será que preferiremos manter nossa visão religiosa do mundo, preocupados com afirmações sobre a irreversibilidade do mal, ou sobre a luta entre “Deus e o diabo” (como no cinema de Glauber Rocha que retrata o universo da superstição religiosa no Nordeste brasileiro, impedimento às transformações sociais)?



    No evangelho pode-se perguntar sobre o silêncio de Deus a respeito dos esmagamentos do mundo faminto de justiça, triturado nas exclusões e opressões. Deus realmente silencia diante das desigualdades e das injustiças? Os tripulantes do barco em perigo gritam por socorro. Precisam da manifestação de Deus. A tempestade, a noite escura, coisas que místicos e não-místicos experimentam, são perigos e silêncios insuportáveis. Sempre! Jesus, presença de Deus entre os homens, compartilha nossos temores, medos, inseguranças, enquanto instila fé e segurança na ação de Deus. Jesus caminha sobre o mar, desprezando os riscos religiosos, mitológicos, da superstição determinista que cerca o homem e a mulher, o ser criado entregue ao fatalismo e à irreversibilidade do mal.




    Os antigos consideravam o mar como o lugar onde habitavam monstros incontroláveis (no Antigo Testamento, freqüentemente Yahweh é encontrado em luta primordial contra monstros draconianos, habitantes do mar. Yahweh se sobrepõe a yammú -- monstro do mar -- em razão das condições precárias, injustiças desde os tempos primordiais, no mundo criado; a Bíblia vai referir-se à necessidade de uma “uma nova criação”, onde o mar não mais existe). Sob contextos mitológicos, fundamentalistas preferem situar essas figuras para identificar realidades do “mundo celestial”, espiritual, literalmente. Com desenvoltura se fala do “diabo”, de “satã”, de “satanás” e seus supostos disfarces.



    Crenças ancestrais, dualistas, e suas cosmogonias dominam o universo da superstição no ambiente fundamentalista. A cosmogonia bíblica original, porém, dará considerável importância aos símbolos mitológicos que promovem o caos, ou que minimamente neles estão embutidos. A diferença está num aspecto iniludível: todas essas forças, sem exceção, são derrotadas pelo Filho do homem, e não há que se esperar, de Cristo, qualquer vitória a acrescentar-se sobre as forças do caos. Cristo já reina acima de todos os poderes do mal, diz a Bíblia.



    Deus apresenta-se em Jesus Cristo como libertador dos determinismos sociais, políticos, e até dos determinismos biológicos. É um conforto existencial indispensável para homens e mulheres angustiados, inseguros, temerosos. Não podemos exigir mais do que a certeza de um mundo transformado, na manifestação de Deus em Jesus. O ensinamento essencial de Jesus aponta: Deus está no mesmo barco, conosco. Deus está ao lado dos que sofrem violência; dos que são excluídos do mundo privilegiado. Debaixo de um silêncio sutil, somos chamados a buscar forças na fé e na confiança sobre os atos de Deus; somos convidados a lutar contra elementos adversos e a “caminhar sobre as ondas”, como Jesus, debaixo de tempestades, dentro da noite escura do mundo excludente, violento, desigual.



    Contudo devemos abrir os olhos e a mente. Jesus caminha por cima das águas bravias que escondem os monstros horripilantes da injustiça, do desrespeito aos direitos fundamentais do homem e da mulher, da fome, da miséria e da violência. Crenças religiosas e superstições sufocam a fé e a confiança na obra salvadora de Deus. Não é uma história boa para se contar às vítimas da monstruosidade explícita no cotidiano da pobreza e da miséria. Esses monstros, longe de estar escondidos nos mares profundos, permanecem à luz do dia como uma terrível ameaça contra o reinado de Deus. Jesus nos convida a navegar sem temor ou tremor sobre os mares da vida.

    Derval Dasilio

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  2. As semanas que passaram foram marcadas pelo pânico e pela instabilidade dos mercados financeiros em todo o mundo. As bolsas de valores despencaram, a cotação do dólar disparou, milhões e milhões de dólares desapareceram nos chamados títulos virtuais. Empresas e “investidores” compraram ouro. As pessoas, as instituições e os Estados estão preocupados e perplexos.

    Diante desta realidade, o economista francês, François Chenais, em recente palestra apresentada em Buenos Aires, Argentina, considerou que “vivemos muito mais que uma crise financeira, mesmo estando agora nessa fase. Estamos diante de uma crise muitíssimo mais ampla. Ora bem, tenho a impressão, pelo tom das diferentes perguntas e observações que me fizeram, que muitos são da opinião que estou a pintar um cenário de tipo catastrofista, de desmoronamento do capitalismo… Na realidade, creio que estamos diante do risco de uma catástrofe, mas já não do capitalismo, e sim de uma catástrofe da humanidade. De certa forma, se tomarmos em conta a crise climática, possivelmente já existe algo assim…”

    Num cenário como este lembro-me da parábola contada por Jesus. A história narrada pelo Senhor falava de um rico fazendeiro que acumulara bens, dinheiro e prosperidade. Seu coração estava tranquilo e seguro, pois não lhe faltava nada. Através de muito trabalho e boa conjugação das etapas climáticas, aquele homem não se preocupava com o futuro. A vida seria só desacansar, comer, especular, investir e curtir.

    Mas Jesus denuncia a fragilidade da condição humana. Ao contar tal história, o Senhor lança aos homens e às mulheres inseridos em qualquer tempo e conjuntura uma série de princípios que podem fazer a diferença em tempos de crises e perdas. São eles: a vida pode ser mais breve do que pensamos; a certeza de hoje pode ser transformada na instabilidade de amanhã; aquilo que você tem pode ser perdido a qualquer momento; não possuímos controles sobre todas as variáveis da vida, particularmente sobre nossa própria existência; a vida que temos e os bens que possuímos devem ser partilhados - este é o verdadeiro tesouro de Deus para aqueles que aprenderam a diferença entre serem ricos para si mesmos e os demais, que descobriram a alegria e a paz em serem ricos para o Senhor.

    Quem sabe, esta crise não é uma das inúmeras oportunidades de Deus para que estejamos aprendendo que todos os poderes, em algum tempo, caem; e que a generosidade de dividir e compartilhar é o melhor caminho para que a justiça e a dignidade se façam presentes para a vida de todas pessoas e não apenas para aqueles que acreditam possuir a situação sobre controle.


    Sérgio Andrade

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