sexta-feira, 24 de abril de 2009

Dia 6 - Respire, exale


“Breathe, breathe in the air
Don't be afraid to care
Leave, but don't leave me
Look around
Choose your own ground”

Breath, letra de Pink Floid, tradução livre:

“Respire, exale
Não tenha medo de se preocupar
Deixe, mas não me deixe
Olhe ao redor
Escolha seu próprio chão”


Às vezes tudo o que se quer é respirar aliviado, estar livre do julgamento alheio, estar livre da condenação, ter a liberdade em seu próprio corpo. Certas cadeias chegam até a aprisionar o corpo.

Precisamos desse alívio imediato contra a dor. Muitas vezes o que queremos é apenas ser amados e perdoados. Nem sempre é isso o que temos a oferecer.

Como já falamos, o ódio nos transforma em monstros, o amor e o perdão nos fazem respirar aliviados.

Eu fico pensando nessa contradição que somos. Nós não amamos as pessoas como elas são, porque elas são diferentes de nós, mas queremos ser amados e compreendidos.

Queremos mudar o mundo, nossa casa, nossos amigos, a sociedade inteira e até o mundo todo, mas não conseguimos mudar a nós mesmos.

Queremos perdão para todos os nossos defeitos e falhas, mas estamos cansados desse comportamento errado ao nosso lado.

Queremos a paz o amor, mas estamos vivendo a guerra e o ódio.

Somos como cegos que não tem para onde ir.

“_ Por que foi que cegamos?
_ Não sei. Talvez um dia se chegue a conhecer a razão.
_ Queres que te diga o que penso?
_ Diz.
_ Penso que não cegamos. Penso que estamos cegos. Cegos que vêem. Cegos que vendo não vêem."


“Ensaio sobre a cegueira”, José Saramago


Certa vez, Jesus Cristo (Cristo significa “Messias”) falou sobre a cegueira (não física) que atingia algumas pessoas. Ele falava sobre guias, pessoas condutoras que, na verdade, eram cegas. Assim, ambas iriam afundar.

Um comentário: É impressionante a necessidade humana de eleger um líder para ter que segui-lo em seus caminhos; nos piores momentos, os líderes que fazem as maiores promessas são os escolhidos e os que têm maior poder de sedução.

Jesus também falou que essas pessoas cegas estavam reparando na vida das outras e estavam julgando, mas elas não conseguiam se ver no espelho. Então, que diferença isso faria?

Isso foi um basta à hipocrisia e à falta de amor! Isso foi um “respire aliviado”!

Ele falou, volte-se para si mesmo e depois ajude ao próximo.

Com isso, pode-se achar conforto, você sabe quem é e não precisa ser hipócrita, também, desiste de aumentar a carga do outro, já que a sua é pesada demais para você.

Talvez nesse momento duas coisas estejam acontecendo em sua vida:

1. Você está sofrendo julgamento e
2. Você também está julgando

Quando você sofre julgamento (até o seu próprio julgamento), você está debaixo de uma opressão. No julgamento, não há perdão, não há saída, é como um laribinto, como sentir falta de ar, como ser comprimido.

Se você está julgando, você está oprimindo e está se enganando, talvez até se tornando cego.

Nas duas opções, não há o alívio imediato contra a dor. Há mais dor.

Assim, eu faço um convite para você deixar o julgamento e aceitar o perdão. Respire. Você não é obrigado a aceitar a condução de um condutor cego. Ele é cego. Você quer cair junto dele?

“E dizia-lhes uma parábola: Pode porventura o cego guiar o cego? Não cairão ambos na cova?

O discípulo não é superior a seu mestre, mas todo o que for perfeito será como o seu mestre.
E por que atentas tu no argueiro que está no olho de teu irmão, e não reparas na trave que está no teu próprio olho?

Ou como podes dizer a teu irmão: Irmão, deixa-me tirar o argueiro que está no teu olho, não atentando tu mesmo na trave que está no teu olho? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então verás bem para tirar o argueiro que está no olho de teu irmão.

Porque não há boa árvore que dê mau fruto, nem má árvore que dê bom fruto. Porque cada árvore se conhece pelo seu próprio fruto; pois não se colhem figos dos espinheiros, nem se vindimam uvas dos abrolhos. O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem, e o homem mau, do mau tesouro do seu coração tira o mal, porque da abundância do seu coração fala a boca.”


Mão na massa:


1. Você acha correto um condutor cego decidir o destino de outro cego?

2. Você consegue ver as barreiras que te atrapalham de enxergar?

3. Você acredita que a verdade pode te libertar e te fazer enxergar?



Então, respirou aliviado?

Até AMANHÃ!

Um comentário:

  1. “Agora, pois, já nenhuma condenação há para

    os que estão em Cristo“.

    ( Epístola do Apostolo Paulo aos(Romanos 8.1 )




    O sentimento de culpa atormenta-nos a todos, quer sejamos religiosos ou não. A maneira humana de lidar com a culpa é a expiação. Os estudiosos da “psiquê” humana asseveram que muitas doenças físicas e psíquicas, acidentes e frustrações na vida pessoal e profissional são tentativas de auto-expiação; isto é, uma forma de punição que o sofredor administra a si mesmo com o propósito de “saldar a dívida” advinda da culpa.



    O moralista usa a sua religiosidade, ou código moral, a fim de reprimir a culpa. Contudo, reprimir, esconder, projetar ou negar a culpa, não resolve os tormentos com os quais sofre a mente culpada. O que se sente “pecador” e “miseravelmente e desgraçadamente” culpado, por sua vez, busca livrar-se da culpa mediante a expressão pública das suas faltas. Quase sempre, contudo, este mecanismo revela-se como uma falsa humildade ou pseudo-arrependimento, haja vista que a autocomiseração também é uma tentativa de auto-expiação.



    O caminho para a solução do problema da culpa é simples! No Evangelho de Jesus Cristo, aliás, tudo é demasiadamente simples! O início da caminhada depende, contudo, da decisão humana de romper com seus mecanismos de defesa e de auto-expiação e assumir a responsabilidade pessoal pelas faltas cometidas, transgressões, erros e delitos.



    Reconhecer a culpa e a insuficiência dos nossos esforços de auto-expiação é fundamental, mas não é suficiente. A Palavra de Deus ensina-nos que “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a nossa injustiça” (I João 1.9). Confessar, contudo, não é simplesmente fazer um relato das faltas, como se Deus precisasse ser informado sobre nossos atos. Afinal, Ele conhece todas as coisas (Hebreus 4.13). Confessar é acima de tudo concordar com Deus no fato de que meus erros transgridem a Sua vontade, reconhecer que sou merecedor da condenação, crer que Jesus Cristo se fez condenação em meu lugar, efetuando o pagamento da minha dívida ao levar sobre si a minha culpa, e decidir voluntariamente e prazerosamente cumprir a Sua vontade.



    Não existe confissão verdadeira sem arrependimento verdadeiro. Arrependimento é o reconhecimento da culpa. É despojar-me das máscaras e das sutilezas auto-expiatórias da repressão e autocomiseração e crer na obra propiciatória de Cristo. O senso de culpa que nos leva a Deus nos revela, assim, o seu amor e o seu perdão. A confissão, fruto de sincero arrependimento, traz-nos o perdão de Deus; este, por sua vez, vence a culpa e nos traz a paz! “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo”. (Romanos 5.1)

    Por isso o apóstolo Paulo, depois ter exclamado o desespero causado pela culpa (Romanos 7.21-24), escreveu: “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo“. (Romanos 8.1)



    Não obstante a obra de Deus ser perfeita, o que fora perdoado pode reter na memória a culpa pelos seus erros e fracassos! Ainda que perdoado, o cristão pode viver continuamente acuado pelas lembranças de seus erros, penalizando-se e sofrendo os danos da auto-acusação. A fé em Cristo, contudo, não apenas nos livra da condenação, mas também da acusação. “(...) se o nosso coração nos acusar, certamente Deus é maior do que o nosso coração” (I João 3.20); e ainda: “Pois, para com suas iniqüidades, usarei misericórdia e dos seus pecados jamais me lembrarei” (Hebreus 8.12).



    Ezio Martins de Lima

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