sábado, 25 de abril de 2009

Dia 7 - Verdade ou mentira?


Quando era menor, eu me sentia cega. Então, tinha a sensação de que se eu conhecesse toda a verdade, resolveria todos os meus problemas.

Eu não tinha nenhum conceito a respeito do que seria a “verdade”, mas eu pressentia que se eu a conhecesse, seria livre.

Eu me imaginava vivendo num mundo sem máscaras. Afinal, esse mundo do disfarce é extremamente penoso. Você ter que enganar todo mundo e ao mesmo tempo ser enganado é terrível.

Então, eu pensava que a verdade seria como um remédio, eu a tomaria e teria cura.

Acho que eu estava cansada da hipocrisia de algumas pessoas, daquilo que é falso. O pior daquilo que é falso é a enganação. A mentira transforma as pessoas em títeres, tanto o mentiroso quanto aqueles que são vítimas da mentira.

Tudo se transforma em um grande espetáculo macabro, onde, no final, só temos perdas.

Com tudo isso, fui em busca da verdade, mas na maioria das vezes ela não é confortável.

Você já leu um conto de Oscar Wilde chamado “O Aniversário da Infanta”? Segue abaixo a sinopse:

O Aniversario da Infanta de Óscar Wilde, como a maioria das suas obras, não
deixa de nos surpreender e encantar pela sua grande beleza.

Nesta história a Infanta recebe um anão como presente de aniversário.

Durante um espetáculo em sua honra, o anão encanta a infanta e
todos os convidados da festa com a sua dança grotesca.

A sua figura disforme é a razão do entusiasmo e da felicidade de todos os presentes.

O anão, diante de toda atenção que lhe é dedicada, acredita que a
infanta o ama.

Porém, ao confrontar-se pela primeira vez com a sua
imagem reflectida no espelho, compreende que é a sua deformação a causa das
atenções da infanta e não, como tinha acreditado, o amor desta por ele.

O momento da verdade representa a sua morte.

A infanta, sentindo a dor da perda do seu “brinquedo” e distante da dor mortal do
seu amigo, pede para que nunca mais lhe ofereçam presentes com coração.

Muitas vezes, como afirma o texto, a verdade pode ser como uma morte. A meu ver, uma morte para o bem. A partir do momento em que ele descobriu a verdade, ele foi livre.

O anão chorou muito a hora que ele se viu no espelho. Eu não me recordo de detalhes da narrativa, mas imagino que no lugar dele poderia ter as seguintes reações:

- Ódio
- Amargura
- Revolta
- Profunda tristeza
- Tudo ao mesmo tempo


Depois de tudo isso, da liberdade através do conhecimento da verdade, ele ficou com duas escolhas: ter todos os sentimentos acima e, de fato, morrer, ou escolher a liberdade do amor que tudo perdoa.

Esse perdão deve ser o caminho normal, pois também queremos receber perdão por todas as nossas falhas. Somos falhos e precisamos de perdão.

Segue mais uma história contada por Jesus de como funciona a lógica do perdão:

“Então Pedro, aproximando-se dele, disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete?
Jesus lhe disse: Não te digo que até sete; mas, até setenta vezes sete.

Por isso o reino dos céus pode comparar-se a um certo rei que quis fazer contas com os seus servos;
E, começando a fazer contas, foi-lhe apresentado um que lhe devia dez mil talentos;
E, não tendo ele com que pagar, o seu senhor mandou que ele, e sua mulher e seus filhos fossem vendidos, com tudo quanto tinha, para que a dívida se lhe pagasse.

Então aquele servo, prostrando-se, o reverenciava, dizendo: Senhor, sê generoso para comigo, e tudo te pagarei.

Então o senhor daquele servo, movido de íntima compaixão, soltou-o e perdoou-lhe a dívida.
Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos, que lhe devia cem dinheiros, e, lançando mão dele, sufocava-o, dizendo: Paga-me o que me deves.

Então o seu companheiro, prostrando-se a seus pés, rogava-lhe, dizendo: Sê generoso para comigo, e tudo te pagarei.

Ele, porém, não quis, antes foi encerrá-lo na prisão, até que pagasse a dívida.

Vendo, pois, os seus conservos o que acontecia, contristaram-se muito, e foram declarar ao seu senhor tudo o que se passara.

Então o seu senhor, chamando-o à sua presença, disse-lhe: Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste.

Não devias tu, igualmente, ter compaixão do teu companheiro, como eu também tive misericórdia de ti?

E, indignado, o seu senhor o entregou aos atormentadores, até que pagasse tudo o que devia.

Assim vos fará, também, meu Pai celestial, se do coração não perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas.”


Perguntas para Pensar:

1. Você acha que conhece a verdade? Se não a conhece, gostaria de conhecê-la?

2. Você já recebeu perdão? Como foi a experiência?

3. Tem alguém que você precisa perdoar? Cite algumas qualidades dessa(s) pessoa(s).

4. Por que você acha que deve ou não perdoar?

Até AMANHÃ!




Fonte da foto

Um comentário:

  1. "...Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o Caminho, a Verdade, e a Vida;

    ninguém vem ao Pai senão por Mim.".
    (João, 14.6)

    A pior coisa que pode acontecer na vida é descobrir que parte dela foi perdida por causa de equívocos cometidos. Andar com Jesus, seguir constantemente Seus passos, fazer parte de uma Igreja cristã e agradá-Lo com o nosso bom comportamento pode ter muito mais a ver com mera aparência do que com a real cumplicidade.

    Ter nascido numa família cristã não faz de ninguém um cristão. Admirar Jesus a ponto de venerá-Lo não é o que faz o verdadeiro adorador. Podemos chegar a formar um fã-clube em Seu nome e, mesmo assim, não ser reconhecido por Ele, como Seus servos.

    A forma como nos relacionamos com as Suas palavras e a Sua influência na direção e remodelação do nosso caráter são as chaves para o perfeito relacionamento com Ele. "Eu sou o Caminho, a Verdade, e a Vida; ninguém vem ao Pai senão por Mim". O entendimento correto e norteador destas palavras, bem como o seu reflexo em nossa alma, desarmando-a e convertendo-a, determinam diante de Deus e dos homens que tipo de cristão somos.

    Cristo é o Caminho. Ele não está se referindo a uma forma de comportamento, resultante de regras eclesiásticas recheadas de cargas religiosas ritualísticas, sob as quais pesadamente devemos caminhar a fim de agradar determinada denominação, sob o pretexto de agradá-Lo. Não! Essas coisas, em si, só levam ao engodo da aparência e à insatisfação cristã pessoal e à crise! Ele está dizendo que é a Estrada para D´us. Como poderia dizer: "Eu sou a Ponte, a Porta ou a Brecha que leva a D´us". É o mesmo que, inversamente, dizer: "sem dispor de Mim, como Caminho, Ponte, Porta ou Brecha... não há como alguém chegar ao D´us que intermedio."
    Cristo é a Verdade. Ele está dizendo que é a Única Resposta, a Verdade absoluta que põe fim à inquietude da alma humana, não à curiosidade intelectual do ser humano, como querem alguns. Só Ele é capaz de, pela Sua Luz, relevar o sentido divino da nossa existência. É exatamente isso o que Ele está dizendo: "Eu sou a Verdade que cala, sou a Resposta final". Só Jesus nos aquieta diante das incertezas que não param, pois é a Verdade da Fé, inacessível à sabedoria humana, que satisfaz completa e definitivamente!

    Cristo é a Vida. Por mais fragilizada que esteja a vida, quando temos Jesus - a Vida, somos espiritualmente intocáveis. Podem até nos roubar o fôlego da vida terrena, mas é d´Ele a garantia de uma vida Eterna que põe fim às nossas dores, todas. Assim, pela suficiência de Cristo, não há necessidade nem sentido algum acreditar em outra opção para a vida eterna. Em Cristo, inexiste dívida contra nós, não há carma e nem se faz necessário a reencarnação - Ele é a Vida, não a re-vida. A salvação, segundo Ele, é pela fé na obra d´Ele, não nas obras que possamos fazer... Ele nos ensinou que obras são conseqüência, não meio para salvação.

    Jesus é o Céu posto pela Graça, e a Vida Eterna, descomplicada!

    "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida". A pior coisa que pode acontecer na vida é descobrir que parte dela foi perdida por causa de equívocos cometidos. O que afinal somos nós? Cristãos?

    Ricardo Vasconcellos

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